Musical relembra no palco carreira e vida da cantora Cássia Eller

Na década de 90, uma jovem cantora, de voz grave, personalidade forte e composições poéticas, fez história no cenário musical brasileiro. Cássia Eller lançou clássicos, conquistou fãs e tornou-se uma das maiores vozes do país. O sucesso, porém, foi interrompido quando, no auge de sua carreira, a cantora faleceu aos 29 anos. Agora, 15 anos depois, sua trajetória é recontada nos palcos. A missão de reviver a carreira e episódios da vida pessoal de Cássia Eller é da artista Tacy de Campos, que estrela “Cássia Eller – O Musical”, em cartaz nesta sexta, sábado e domingo, dias 15, 16 e 17, no Theatro 4 de Setembro.

Fotos: Andrê Gonçalves/ODIA

A semelhança entre Tacy de Campos e Cássia Eller é de impressionar, o que torna o espetáculo ainda mais tocante para quem assiste. Do jeito tímido ao timbre da voz, a artista em tudo lembra a cantora, principalmente quando se caracteriza com os figurinos. O musical marca a primeira experiência de Tacy como atriz. Ela foi escolhida entre mais de 1000 candidatas que se inscreveram para as audições. Antes de subir aos palcos, fazia shows em barzinhos de Curitiba e tinha contato com a obra de Cássia através de uma banda que integrava.

“Eu era cantora de bar e tocava na noite, em Curitiba. Tinha uma banda que tocava Cássia Eller no repertório, mas em outro formato, como tributo. A produtora de elenco viu um vídeo meu na internet e me chamou para fazer o teste no Rio de Janeiro. Depois que passei, foram dois meses de preparação. Além da preparação da equipe do musical, eu tive a sorte de ter a Aninha Paula Burgos, atriz e preparadora corporal, que foi quem me fez subir no palco na forma do teatro”, conta a intérprete.

O musical foi produzido em pouco mais de dois anos e meio, em etapas que foram desde a pesquisa sobre Cássia Eller até seleção de elenco e ensaios. O texto, assinado por Patrícia Andrade, traz a cantora em momentos ainda antes do início da carreira e mostra seus primeiros passos como cantora em Brasília, sem deixar de lado seus amores, a companheira Maria Eugênia e o filho Chicão. “No palco, lembramos seu show no Rock in Rio, a gravação do acústico, o surgimento do primeiro disco com o sucesso ‘Por Enquanto’ e momentos mais pessoais, a mudança pro Rio de Janeiro e a gravidez”, cita Tacy.

A montagem tem direção de João Fonseca e Viniciús Arneiro, idealização de Gustavo Nunes e produção da Turbilhão de Ideias Entretenimento. A direção musical é de Lan Lanh, que tocou anos com Cássia e tem total propriedade na obra da cantora. Além de Tacy de Campos, o elenco conta ainda com Eline Porto, Emerson Espíndola, Juliane Bodini, Jana Figarella, Jandir Ferrari, Thainá Gallo.

O espetáculo chega a Teresina depois de ser visto por mais de 80 mil espectadores durante uma primeira turnê, ainda no ano passado. Durante essa nova temporada, que passa pelo Piauí, “Cássia Eller – O Musical” irá concluir o circuito de apresentações nas capitais brasileiras, tornando-se o primeiro espetáculo musical a realizar turnê por todos os estados.

Amizade com Nando Reis

Entre os momentos mais marcantes do espetáculo, os atores encenam o encontro entre Cássia Eller e Nando Reis. No musical, quem interpreta o compositor amigo da cantora é Emerson Espíndola. Ele conta que a primeira cena dos dois se passa durante uma reunião de amigos. A partir dali, as cenas seguintes narram episódios da amizade, e da parceria artística, que eles foram construindo ao longo do tempo e da carreira.

“O Fernando Nunes, que era baixista da Cássia e já havia tocado com o Nando, promove um encontro em uma casa, com alguns amigos, onde os dois são apresentados. Mas eles já se conheciam. Cássia admirava as letras de Nando e Nando gostava da voz de Cássia. No primeiro momento eles quase não se falam, mas o Nando mostra uma letra pra ela e a convida para tocar. Quando eles tocam juntos é momento onde tudo acontece. A partir dali tudo muda”, conta Emerson.

O espetáculo então mostra a relação dos dois através de um repertório conhecido do público. Nando Reis comparece as cenas através de composições como “All Star”, “O Segundo Sol”, “Relicário”, “Luz dos Olhos” e “E.C.T.”, todas eternizadas também na voz de Cássia Eller. “No começo, quando passei para fazer o papel do Nando fiquei muito feliz. Depois caiu a ficha da responsabilidade. Mas como tivemos diretores maravilhosos e uma equipe muito legal, depois que estreamos, acabamos nos tranquilizando”, pontua o interprete.

A responsabilidade de viver um papel tão importante, além da representatividade do cantor, também vem da expectativa da plateia. “Essa peça, para atores, músicos e produtores, está sendo muito importante. A gente sente que o público está com saudade. Como a Cássia foi uma ruptura e sua morte uma surpresa muito grande, sinto que todo mundo está querendo ouvir suas músicas e ter contato com a pessoa que ela era. Em todas as cidades, nos primeiros acordes, as pessoas vibram juntos”, conclui.

Por: Yuri Ribeiro – Jornal O DIA