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Mais de 98% dos empreendimentos são de pequenos negócios no Piauí

Com a crise econômica que assola o Brasil nos últimos anos, a alternativa buscada por algumas pessoas que perderam seus empregos é a abertura do seu próprio negócio, que vem aumentando de forma significativa. Mas, de acordo com Mário Lacerda, diretor superintendente do Sebrae no Piauí, é preciso, antes de empreender por necessidade, ter conhecimento aprofundado sobre tudo que envolve o produto. Caso contrário, segundo o diretor, o que poderia ser uma solução pode se tornar um problema. “Todos aqueles que estão empreendendo por necessidade, em razão de ter ficado desempregado, em razão do alto índice de desemprego, precisam ter uma visão muito apurada do empreendedorismo para que isso não se torne, em vez de uma solução, um problema para sua vida. Esse, por exemplo, é um dos fatores de impacto nesse momento em que nós vivemos”, disse.
Em entrevista ao Jornal o DIA, o diretor elencou as principais dificuldades e os riscos para quem quer abrir uma pequena empresa, e destacou como o Sebrae tem trabalhado para apoiar os empreendedores no momento de crise. Ele destacou ainda que a Reforma Trabalhista, que está em discussão no Congresso Nacional, irá trazer benefícios para a economia.

Para diretor, é preciso conhecer a área de atuação antes de começar a empreender (Foto: Divulgação)

O Brasil vive hoje um cenário de crise econômica e de retração da economia. De que forma isso interfere no empreendedorismo? 

Sem dúvida alguma, o cenário que nós vivemos, ele é impactante para o empreendedorismo. Inquestionavelmente, o país enfrenta um ambiente muito mais hostil para empreender. Nesse momento, é preciso que as empresas sejam muito mais eficientes para que possam sobreviver e se desenvolver nesse espaço. O resultado desse momento que a gente tem vivido é que muito das pessoas passaram a empreender por necessidade em detrimento do empreendedorismo por oportunidade. Até bem pouco tempo, antes da crise, nós tínhamos uma relação 70×30, onde a cada 10 pessoas que empreenderam sete era analisaram o mercado. O ambiente para poder empreender e os outros três eram por necessidade. Hoje esse quadro já está meio a meio, com a tendência de se inverter a curva até então posta. Isso quer dizer é que todos aqueles que estão empreendendo por necessidade, em razão de ter ficado desempregado, em razão do alto índice de desemprego, precisam ter uma visão muito apurada do empreendedorismo para que isso não se torne, em vez de uma solução, um problema para sua vida. Esse, por exemplo, é um dos fatores de impacto nesse momento em que nós vivemos.
Quais os riscos que o senhor observa no ato de empreender por necessidade? 
O empreender por necessidade, em linhas gerais, induz a pessoa a não fazer uma análise apurada do ambiente, a não buscar um estudo de aonde ele quer empreender, se aquele local é rentável, se no local em que ele quer empreender o público-alvo vai ele se encontra, fazer um plano de negócios. Muita gente que está empreendendo por necessidade não faz. Então, aí está a importância de procurar o SEBRAE para que a gente possa, mesmo em um panorama do empreendedorismo por necessidade, a gente ter as características daquilo que se faz no âmbito do empreendedorismo por oportunidade, que é buscar informações antes de empreender. Isso aumenta muito a possibilidade de dar certo, aumenta as chances de sua empresa, do seu negócio, dar certo.
Em situações de crise o empreendedorismo surge como uma opção para aqueles que têm necessidade, mas nem todo mundo tem o espírito empreendedor. Que formas as pessoas tem para buscar saber se elas têm, de fato, vocação para o empreendedorismo? 
Mais importante que a vocação é a consciência. É preciso conhecimento para emprender, sob pena de ver logo à frente fracassar o seu negócio. Apostar em conhecimento é se capacitar. É preciso conhecer o ambiente que eu vou empreender, preciso conhecer muito bem o produto, os meus clientes para poder empreender, especialmente, nesse momento de crise. Quando o país estava com um viés de crescimento, com a situação diferente do que a gente tem hoje, era muito mais fácil empreender, era muito mais fácil fazer os negócios darem certo, era muito mais fácil cometer erros e não ver esses erros comprometerem esse negócio. Hoje não. Hoje a gente precisa ter um negócio equilibrado, precisa preservar os nossos clientes, precisa buscar novos mercados. Hoje nós precisamos trabalhar da porta para dentro da empresa, analisando muito bem os custos de produção, custos de funcionamento. A linha é muito tênue. Você pode estar, em razão de decisões equivocadas, no vermelho ou, em razão de decisões acertadas, em azul no seu negócio.
Quais os obstáculos enfrentados para que o empreendedorismo se fortaleça ainda mais no Estado? 
É imprescindível que a gente consiga dar razão algumas ações que são importantes. A primeira delas é a simplificação, o processo de simplificação para o empreendedor. Vou dar um exemplo bem claro. Estudos recentes mostram que ainda hoje no Brasil a média do tempo gasto para se abrir uma empresa é de 79,5 dias. Se a gente for para Colômbia, a gente vai ver que esse número é um terço disso. Se fossemos para o Canadá, em um dia e meio. Outro ponto importantíssimo nesse caso é destacar que nós estamos, no estado do Piauí, com o governo do Estado, Sebrae, Prefeitura, Receita Federal […] todos envolvidos em um propósito de implementar a REDESIM, a rede de simplificação que vai unificar em uma base única todas as solicitações feitas para movimentação das empresas, seja abertura, alteração ou fechamento, de forma simplificada. Sem que seja preciso o empreendedor procurar órgão à órgão. Assim empresa não vai precisar ir à Junta Comercial, à Secretaria de Fazenda e Finanças do município, à vigilância sanitária, ao corpo de bombeiro. A base é uma única e é nessa base que o empreendedor vai se comunicar com todos os atores do processo. Isso já está em andamento, já temos bons resultados, mas precisamos finalizar esse processo. Outro ponto importante é o custo existente no Brasil para se manter uma empresa. Dados também mostram que no Brasil se gasta 2038 horas/ano vamos para pagar os tributos de uma empresa. Se a gente fosse para Colômbia, aqui do lado, custo 238 horas de trabalho na empresa para se pagar os tributos; no Reino Unido são 110 horas de trabalho. É preciso que se pegue o exemplo importante e levar isso para todos os empreendimentos, para todas as atividades que estão em torno da atividade empresarial, uma vez que é ela que garante o emprego, que garante os tributos e garante o desenvolvimento do país.

Por: Karliete Nunes e Ithyara Borges/ o dia


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