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Fora de PyeongChang, Josi volta à ginástica e desabafa: “Acabaram com meu sonho”

Um sonho virou passado. Mas ainda se mostra presente no discurso de Josi Santos. Quatro anos depois de ser a primeira brasileira a competir no esqui aerials em uma Olimpíada de Inverno, ela sente saudades da neve. Aos 33 anos, a paulista voltou à ginástica artística, agora como treinadora. Em 2016, foi desligada do projeto que era uma das maiores apostas da Confederação Brasileira de Desportos na Neve. Se o discurso após Sochi era trabalhar forte para estar em PyeongChang , tudo mudou. E Josi não esconde sua mágoa.

“Tenho muita saudade da neve. Muita vontade de saltar. Acabaram com meu sonho”

Josi Santos treina as ginastas do Pinheiros (Foto: RICARDO BUFOLIN / PANAMERICA PRESS)Josi Santos treina as ginastas do Pinheiros (Foto: RICARDO BUFOLIN / PANAMERICA PRESS)

Josi Santos treina as ginastas do Pinheiros (Foto: RICARDO BUFOLIN / PANAMERICA PRESS)

Em menos de um ciclo olímpico, passou por um turbilhão de emoções. Trocou a ginástica artística pelo esqui aerials e em seis meses estava numa Olimpíada; na véspera da competição, viu sua parceira de treinos, Laís Souza, que também disputaria os Jogos da Rússia, sofrer um acidente esquiando e ficar tetraplégica; precisou de ajuda psicológica e superou lesões, mas saltou e entrou para a história do esporte de inverno brasileiro; deixou Sochi com um gostinho de quero mais, porém teve problemas com a preparadora física da seleção e com as metas estabelecidas pela CBDN.

– Aconteceu tanta coisa nesse meio tempo: o acidente da Laís, a Olimpíada… um rombo na minha vida depois que parei de treinar. Houve um desentendimento com a CBDN que me deixou desacreditada no esporte. Tinha um acordo de treinar de fato na neve, mas a maioria dos treinos era na academia, o que acabou me prejudicando. Tinha um projeto de ir para as Olimpíadas de 2018. Quando saí de Sochi me perguntaram se eu queria ser atleta ou treinadora, e eu disse que queria continuar atleta – conta Josi, hoje técnica de ginástica artística do EC Pinheiros.

Laís e Josi começaram a treinar em uma pista artificial no centro de treinamento de São Roque, interior de São Paulo. De lá, passaram a viajar aos Estados Unidos para praticar na neve. O projeto de transição de ginastas para o esqui aerials foi e ainda é sucesso em vários países, tendo a Austrália como maior exemplo. De acordo com a CBDN, atualmente, o programa conta com quatro atletas (Maria Soares, Luana Silva, Beatriz Sales e Stephany Costa), com treinamento em trampolim acrobático, rampa artificial e neve. Mas Josi diz que São Roque “está abandonado” e que as novas meninas quase não usam a rampa do local para saltar.

– Aquele sonho para 2018 foi ficando pequeno e acabou me deixando muito desmotivada. Eles quiseram colocar um monte de regras, perder peso… Em 2014, continuei treinando ginástica. Em 2015, treinei em lugares que tinha neve. Em 2016, passei o ano todo sem esquiar e saltar e ficava só na academia, o que acabou me lesionando. Sou esquiadora, mas parece que estava fazendo crossfit. Em outubro de 2016, fui desligada da equipe porque não atingia as metas que eles queriam. Mas me levar para treinar fora não existia. Hoje eu tenho uma lesão que me prejudica muito para andar, sentar, dirigir…

Josi Santos acompanha atenta o treino das meninas da ginástica artística do Pinheiros (Foto: RICARDO BUFOLIN / PANAMERICA PRESS )

Josi Santos acompanha atenta o treino das meninas da ginástica artística do Pinheiros (Foto: RICARDO BUFOLIN / PANAMERICA PRESS )

CBDN se defende

O esqui aerials brasileiro perdeu o técnico Ryan Snow no fim do ano passado. O canadense preferiu não renovar seu contrato, e a CBDN está negociando para trazer um treinador australiano até o fim de janeiro. Superintendente técnico da CBDN, Pedro Cavazzoni reconhece a diminuição de investimentos, mas nada que esteja fora do cenário brasileiro na atual conjuntura política e econômica. Sobre as críticas de Josi, disse que a decisão pelo corte foi estritamente técnica:

“Ela acabou não alcançando o que seria um nível mínimo para iniciar um treinamento técnico”

– Temos um trabalho sério, profissonal, pautado na parte científica. O trabalho no aerials, e com a Josi, sempre foi pautado em números e indicadores de performance física. Em 2016, de fato, o foco foi na preparação física. Tinha um “gap”, e passamos o ano tentando reduzir. Fazemos testes semanais. No caso dela, a gente focou nisso. Primeiro por conta da segurança do corpo. Segundo, a progressão técnica exige mais capacidade física. O físico é a base para desenvolver a parte técnica. Nosso trabalho foi muito mais de recuperá-la. Monitoramos de 6 a 10 variáveis diferentes, e ela acabou não alcançando o que seria um nível mínimo para iniciar um treinamento técnico – disse Cavazzoni.

Josi Santos treinando esqui aerials na pista de São Roque (Foto: Mauro Horita)Josi Santos treinando esqui aerials na pista de São Roque (Foto: Mauro Horita)

Josi Santos treinando esqui aerials na pista de São Roque (Foto: Mauro Horita)

As Olimpíadas de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, começam no dia 8 e vão até o dia 25 de fevereiro. O SporTV transmite os Jogos, e o GloboEsporte.com acompanha o dia a dia em tempo real.

FONTE GLOBO ESPORTE

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