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Água de esgoto é usada por feirantes para molhar frutas e verduras

Os teresinense que compram frutas e verduras na feira livre localizada ao lado do Mercado Central, na Rua João Cabral, centro de Teresina, desconhecem os riscos que correm ao consumir tais produtos. Ambulantes e feirantes da área usam água de um buraco de esgoto, do cruzamento das ruas João Cabral com a Desembargador Freitas, para hidratar milho verde, frutas e verduras que comercializam. O flagrante, feito em vídeo que circula nas redes sociais, mostra um ambulante coletando água da sarjeta e utilizando para “molhar” as frutas expostas em um carrinho.

Reportagem do jornal O DIA foi até o local e confirmou que feirantes têm o hábito de usar água de procedência questionável para lavar frutas e verduras (Fotos: Elias Fontinele / O DIA)

No vídeo, o ambulante coleta a água por duas vezes utilizando a metade de uma garrafa PET e joga nas frutas acondicionadas no carrinho. A reportagem de O DIA esteve no local e constatou que essa prática é comum entre os feirantes instalados no trecho da Rua João Cabral entre as ruas Desembargador Freitas e Lisandro Nogueira. A todo instante, um feirante é flagrado pegando água em balde de 20 litros do buraco, que dizem ser um minador. Para eles, a água não é contaminada, apesar da cor escura, exalar odor, ser suja e receber dejetos do esgoto da Rua Desembargador Freitas. Aliás, a todo momento alguém lava as mãos no buraco.

O feirante Manoel Batista do Nascimento, conhecido como Azilado, disse que há 32 anos trabalha no local vendendo milho verde e sempre usa a água do buraco “minador” para hidratar seu produto. “Essa água é limpíssima, não é de esgoto mas de um minador, talvez de um cano quebrado da Agespisa”, garante ele, acrescentando que todo mundo pega água ali para molhar o milho, já que o poder público não oferece nem dispõe de nenhuma condição para facilitar o trabalho deles. No instante que a reportagem de O DIA esteve no local, flagrou o seu Zé Lima pegando água para molhar seu milho, recusando-se a falar sobre o problema.

Sobre se houve fiscalização dos órgãos sanitários na área, quer seja do Estado ou do Município, Azilador garantiu que não tem conhecimento que isso tenha ocorrido. “Nunca passou um fiscal por aqui, ninguém da vigilância sanitária”, frisou. Aliás, diz ele, lembrou que há seis atrás passou um fiscal da prefeitura, mas nada ligado às condições higiênica sobre as venda de frutas, verduras e milho no local.

Feirantes acreditam que água não é contaminada, apesar de ser escura e exalar odor (Fotos: Elias Fontinele / O DIA)

A comerciária Layse Paz, que trabalha em loja na área, disse que era consumidora de milho, frutas e verduras vendidas ali na feira. Entretanto, ao tomar conhecimento do vídeo mostrando um ambulante coletando água da sarjeta e utilizando para “lavar” as frutas expostas em um carrinho, jamais comprará produtos do local. Ela reconhece que os feirantes só fazem isso porque não têm apoio do poder público, não dispõem de condições nenhuma para trabalhar. “É preciso que a Prefeitura de Teresina adote uma providência, não para puní-los, mas para orientá-los e oferecer meios para que eles trabalhem e ganhem o pão de cada dia para o sustento de suas famílias”, pontuou.

Outro consumidor que diariamente consome frutas e verduras da feira livre ao lado do Mercado Central é o aposentado Luiz Alfredo. Para ele, são frutas e verduras boas, saudáveis, e mais barato que dos supermercados, ou frutarias. Apesar das condições em que as frutas e verduras são acondicionadas, em bancas sujas e de precárias instalações, o aposentado diz não ligar muito para isso. “Compro, sem nenhum receio”, disse ele, acrescentando que se fosse carne, não compraria.

A feirante Maria Luzineide, que tem uma banca na área com frutas e verduras, afirma que pega água de uma torneira dentro do Mercado Central para hidratar seus produtos. E que jamais utilizaria uma água contaminada, suja, para esse fim. Afinal, diz ela, tem compromisso com seus clientes. Raimundo Nonato, o seu Rai, diz  também que não utiliza água do buraco, mas de torneira de água tratada. Ele desconhece de fiscalização sobre as condições higiênicas das frutas, verduras e hortaliças que comercializam na feira. Até que seria bom uma fiscalização, assim seríamos melhor orientado”, finaliza.

Fiscalização

A Prefeitura de Teresina informa que, após tomar conhecimento do vídeo que circula nas redes sociais onde um vendedor ambulante está supostamente utilizando água de esgoto para lavar frutas, acionou as equipes de fiscalização e da Vigilância Sanitária para que adotasse as medidas punitivas, conforme prevê a legislação municipal. O comércio ambulante é proibido pelo Código de Posturas e a fiscalização para coibir a prática é feita diariamente. Ao constatar a irregularidade, a Prefeitura apreende a mercadoria do ambulante e explica que o serviço deve ser feito de acordo com a legislação. A coordenação de Vigilância Sanitária alerta ainda à população que, se tomar conhecimento de situações semelhantes, pode acionar o órgão que os fiscais irão ao local para adotar os procedimentos previstos na legislação municipal.

Fonte: Jornal O DIA
Por: Luiz Carlos de Oliveira

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