Home / Notícias / Referencias comerciais de Valença do Piaui, segundo o Historiador e Prof. Antonio Jose Mambenga

Referencias comerciais de Valença do Piaui, segundo o Historiador e Prof. Antonio Jose Mambenga

A cidade de Valença do Piaui, localizada a 210km de Teresina capital do estado do Piauí, teve origem de uma aldeia dos Índios Aruaques e ganha destaque sobre o conhecimento e as pesquisas do Historiador e Prof. Antônio José Mambenga que sempre busca manter a população Valenciana informada da sua origem.

Nesta matéria o Prof. Antônio José destaca as principais referencias do comercio local.

“O Comércio é uma das bases econômicas para o desenvolvimento de um lugar. Em Valença do Piauí  a atividade comercial é bem remota, cujas manifestações surgiram com a chegada dos primeiros colonizadores por volta dos anos 60 do século XVII. Com a instalação das fazendas de gado no início do século XVIII ocorreu a prática de exportação do gado para outras regiões da colônia.

O extrativismo vegetal da cera de carnaúba, leite de maniçoba e mangaba foi muito fluente no final do século XIX até o final da década de 1920, bem como a produção de rapadura e farinha e goma.

A falta de documentos escritos dificultam informações mais seguras sobre o assunto, daí a necessidade de recorrer a História memória para obter informações pertinentes com pessoas mais idosas que viram e/ou ouviram falar sobre o comercio e comerciantes da cidade.

A feira livre, realizada aos sábados em Valença, desempenhou e ainda continua em voga, por se tratar de um tipo de comercio coletivo onde se encontra praticamente de tudo, primeiro funcionou num espaço por traz da atual Igreja São Benedito, debaixo de umas árvores de grande porte, o local ficava às margens da estrada real que passava entre as atuais casas do Sr Abdias Isidório e Sr. Jaime Lima Verde. Depois com o desenvolvimento da cidade, a feira livre funcionou num espaço do cruzamento da Rua Norberto de Castro com Mundico Dantas até o ano de 1924. O referido local por muito tempo ficou conhecido por “feira velha”.

Em 1924, o Prefeito Municipal Zeca de Castro, construiu o Mercado Público, ao lado da Igreja Nossa Senhora do Ó, com espaços suficientes para instalação de bodegas ou quitandas como eram conhecidas na linguagem de época.

Na década de 1970 o Prefeito municipal Dr Nemésio Veloso, construiu um novo local para funcionar a feira livre, dando o nome de Centro de Abastecimento “O XEREM”. Com a criação do Mercado Público em 1924 ocorreu uma definição do Comércio, das bodegas, quitandas e/ou mercearias de gêneros. Cada uma vendia de tudo, praticamente dentro da realidade sócio econômica dos moradores da cidade e região.

Em todos os estabelecimentos comerciais, tinha sal em pedra, vendido no litro ou no prato de madeira, ou em pequenas porções chamadas de “mercado”.  O café, era outro produto, era comercializado no quilo,  meio quilo, 250g, mas em grãos e cru em casa era torrado na panela de ferro mexido com uma palheta de madeira, depois socado no pilão e peneirado, mas antes passava por um processo de ser emergido em melaço, para pegar a consistência. Do que ficava na panela e pilão era feito a “margarida”, um café que era degustado por quem fazia o trabalho de preparação da massa preciosa do café. Era muito gostosa.

O açúcar, para classe popular era tão raro e caro que era vendido na colher. O freguês chegava e solicitava uma, duas, ou mesmo três colheres de açúcar. Era preciso adoecer para poder ingerir açúcar.

Linha de costurar, era vendida em novelos pequenos e só tinha na cor branca. Anil, era em forma cilíndrica no tamanho de 2cm, mas era procurado como pedra DE ANIL. Biscoitos, era bolacha Maria, também vendida por unidades. As bolachas vinham em latas de tamanho médio, geralmente nas chamadas meia latas, mas existiam umas latas em forma oval e outra redondas. Todas com tampas.

Outro produto muito vendido nestes estabelecimentos comerciais, era querosene, este também o mais fragmentado possível, litro, garrafa, meia garrafa e muitos como Dona Tereza Preta, levava a própria lamparina para comprar o mercado de querosene (quantidade suficiente para uma noite ou duas). Outro produto muito procurado era fumo de rolo, soda cáustica, naquele tempo chama de “potassa”

Nome como: Newtom Borges, Celso, Fernando Isidório, Eliseu, Piano, Zé Arteiro. Pedro Curdulino, Zé Marreiros, Dolande, Ze Cateu, dentre outros eram referencias, muitos já substituindo outros.

No Mercado Central, existiam outros pontos comerciais, para venda de tecidos, como a Loja do Sr Joaquim Lima Verde, do Sr Gil Marques, do Sr Grosso Rabelo, e do Sr João Luzia, onde vendiam:  morim, algodãozinho, linho, seda, bramante, cretone, rendas, chitas, cambraias, opalas, gorgorão, caque, riscado, tricolina, tropical, e no final da década de 1960, o famoso “volta ao mundo” e tergal. Os tecidos eram chamados de fazendas e eram vendidos no metro. No meio de tudo isso, tinha também chapéus e pano de rede.

No mercado Público, existia espaço para venda de cachaça destilada e outras, cinzano, conhaque, são joão da barra, jurubeba e outras marcas, os clientes comprava, por um sistema chamado “dose”, ou meiota.

Numa das entradas frontais, porque eram quatro ao todo, a que ficava do lado da Rua Deputado Jose Nunes, ficava o Café da Dona Preta Bolô, que vendia: beiju de goma, cuscuz de milho, e bolo frito. O referido Café de Dona Preta, era aberto a partir da 5:00hs da manhã para atender as pessoas que iam comprar carne no açougue municipal que funcionava no local onde atualmente é a Casa Dantas e imediações.

Dona Preta, atendia também o serviço de restaurante com um cardápio variado que ia da costela de vaca, mão de vaca, bife de fígado acebolado, cozidão, galinha caipira, carne de porco ao molho, assada no forno e feito frito. As verduras vinham da casa da Chiquinha Furtuosa, eram: cebola em folha, coentro, alface,  folha de mantegueira e tomates d’água, só aos sábados porque vinham da comunidade macambira, cultivados por Dona Branca. As abóboras, jerimuns, e macaxeiras, eram provenientes do Riacho Barnabé trazidos pelo Sr. Martinho Sousa. Com tudo isso, mas o espaço era conhecido  por Café da Dona Preta Bolô. O serviço  de atendimento era feito por suas filhas: Morena, Leni e a Marlene, mais conhecida por Noinha mãe do Rarrá, cuja simpatia enobrecia o espaço.

Ao lado do Mercado Público, ficava a Mercearia do Sr Augusto Sampaio, uma das mais sortidas da cidade, funcionando na cidade desde o final da década e 1950. Existia também a mercearia do Sr. Enéas Barreto.

Em outros pontos da cidade existia outros estabelecimentos comerciais: Casa Martins, Farmacia Martins, Farmácia Central, Casa Nunes.

A cidade de Valença, não existia serviço de Bancos, as pessoas recorriam a senhores da elite local que praticavam a agiotagem, somente em 1968 chegou a primeira instituição financeira.

A educação escolar, também era um comercio através das escolas particulares, inclusive o Ginásio Santo Antonio.

A cidade cresceu, com isso o comercio foi se adequando a realidade de seus habitantes. Novos grupos foram chegando e se radicando na cidade, nome como o Grupo Dino Barbosa, e tantos outros. Somente na década de 1980 chegou o primeiro Supermercado, o Servilar da Dona Araci e o Sr Natan, funcionou num espaço de frente o atual Bar da Onda.

A primeira Churrascaria, com garçon uniformizado foi a Meu Cantinho, do Juvenal Marreiro, funcionou em frente a Creche Dayane Lima Verde.

Os Bares e restaurantes, que também são referencias comerciais, podemos citar o Bar Glória às margens do Rio Catinguinha e o Bar Glória, a Pensão Moderna e a Pensão Melão. São também referencias comerciais que não podem deixar de ser citados, O bar e Restaurante Alvorada, a Casa Flórida e os  Postos de Gasolina Alvorada, e o Posto Esso, que funcionou em frente ao antigo Bar Glória.

Percebe-se que o comercio valenciano, funciona como um dos setores de desenvolvimento da cidade. Parei na década de 1980, ficando os anos 1990 a atualidade um novo texto.”

 Texto: Prof. Antonio Jose Mambenga

Edição: Raimundo Barbosa

Veja Também

Tribunais de contas podem condenar administrativamente governadores e prefeitos, diz STF

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou entendimento de que Tribunais de contas ...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *