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Valença do Piauí, 256 anos de História, Cultura e Tradição

 

A cidade de Valença, localizada a 210km de Teresina capital do estado do Piauí, teve origem de uma aldeia dos Índios Aruaques, onde atualmente é a cidade de Aroazes. Em 19 de junho de 1761, Dom José, Rei de Portugal, assinou a Carta Regia, autorizando o Cel. Joao Pereira Caldas, Governador da Capitania de São Jose do Piauí, criar as primeiras vilas, dentre as quais, a de Valença. No momento a Vila seria instalada em Aroazes, por sediar a freguesia de Nossa Senhora da Conceição, mas no ato da instalação, por motivos ignorados a Vila foi sediada no arraial do Catinguinha. O nome Valença, foi em homenagem a terra natal do então Governador da Capitania, Valença em Portugal.

O tempo passou e a Vila de Valença foi se adequando ao progresso. Em 1889, com a Proclamação da República, a 15 de novembro, a Vila foi elevada à categoria de cidade, pelo decreto Número 03 de 30 de dezembro. Em 1943, a Cidade de Valença passou a denominar-se Berlengas, nome este que durou até 1948, quando passou a denominar-se Valença do Piaui.

A medida que o tempo foi passando foi crescendo o acervo cultural dentro do patrimônio material e imaterial.

Em cada rua, em cada esquina, nas praças ou em lugares pitorescos, ficaram as memorias de cada um através do papel que exerceu ou que deixou de exercer em prol do desenvolvimento coletivo. Se por um lado existiram os benfeitores, cuja notoriedade se imortalizaram através de homenagens em prédios, ruas, praças, logradouros públicos, estradas e comunidades. Por outro lado, pessoas anônimas também tiveram seus nomes cristalizados na memória de grande parcela da população e quando lembradas, provocam elogios sinceros e menos reação contrarias de muitos que de imediato provocam risos ou no mínimo um balançar de cabeça, reagindo uma interrogação negativa para tal homenagem. Uma das homenagens que mais provocou alarido nesta cidade, foi quando o Ponto de Cultura, recebeu o nome de Preta Mão de Onça, codinome da valenciana Eva Maria da Conceição, pelo fato da homenagem ter saído do raio dos bem nascidos, cuja quebra de paradigma remoeu as entranhas dos bem vividos. Muitos chegaram dizer que era o pior nome que o ponto poderia receber, mas as reações eram tão pequenas, diante do mito e do papel que a Preta desempenhou na cidade, que deu para despertar aquilo que Torquato Neto expõe num de seus poemas, Anjo Torto, “…Vai desentoar o coro dos contentes…”.

O nome ficou, mas era sentido uma reação muito grande por parte daqueles que se sentiam afrontados com a homenagem.

A História de Valença, foi sempre uma luta de classe. Em tempos passados, ocorria no beco da amargura, a tomada do Boi da Bela Flor, organizado pelo Sr. Joaquim Quitéria, pai do Bodim, por rapazes da elite local, moradores na parte central da cidade, entre a rua Antônio Luiz e Rua do Maranhão.

A memória também pontua, a Chica da Dona Eulália, que muitas vezes se transformava em animadora de festa, cujas notas musicais eram tiradas de um pente fino e um pedaço de papel de cigarro. Pitirran, ex-dançarino de reisado, onde desempenhava o papel da cocó de fogo, não podia sair na rua que era escanteado e afrontado por crianças e muitas vezes por adultos, através da expressão “coroa de Pade”. Mas como a História tem seu tempo, seu espaço e seus atores, nada mais oportuno para mencionar a importância do Sr. Benedito, que por criar macacos, lhe foi acrescentado o nome dos animais ao seu. Ele era fotografo, mas no sábado de aleluia, se transformava em galo para anunciar que a missa da aleluia estava próxima a começar. Meia noite, ele subia no cruzeiro que existia frente à igreja matriz, abria os braços onde se encontravam fixas uns papelões em formato de asas e cantava como galo 12 vezes, avisando o povo da redondeza que a missa já ia começar, tudo isso porque em Valença no período da Semana Santa o sino não toca e sim a matraca, cujo som não chegava em locais mais distantes por exemplo; as proximidades da rua do Maranhão.

 

 

 

As representações sobre a história de Valença possui um divisor através da educação, nomes como, de Raimundo  Nonato de Oliveira Marques, jamais poderá ser esquecido. Ele que nasceu na cidade de Barra de Marataoã, estado do Piauí, no dia 13 de fevereiro de 1916. Filho de Olímpio Marques e de Maria Ester.

 

Chegando em Valença, encontrou uma cidade bastante limitada em todos os sentidos, uma vez que era bem aguçado o sistema do coronelismo, tão típico no Brasil afora e bem cristalizado aqui no Nordeste. Todavia, a fragilidade maior era no sistema educacional uma vez que só existia o conhecido curso primário no Grupo Escolar Cônego Acylino e de forma bem tímida. Escolas particulares que existiam também obedeciam ao mesmo ciclo.

Como homem de visão acutíssima e deliberada preocupação com a educação escolar, Pe. Marque, por intermédio do Pe. Jose de Jesus Moura Madeira de Araújo Costa, conseguiu trazer seu irmão Antônio de Jesus Maria Madeira de Araújo Costa, para Valença e com ele o Instituto Santo Antônio de sua propriedade em Oeiras- PI. Daí, para a criação do Ginásio Santo Antônio bastou a junção de Pe. Marques com o Ten. Antônio Félix de Melo, que era muito amigo do Senador Joaquim Pires Ferreira, por quem foi dada a entrada da documentação pedindo à Ministra da Educação e Saúde, Dona Lúcia Magalhães, o funcionamento do Ginásio, cuja ordem chegou por telegrama no dia 19 de dezembro de 1948.

O acervo pertinente ao patrimônio imaterial é enorme, entre lendas e mitos, a cidade se torna um palco, cuja representatividade vão da Baleia da Igreja de São Benedito, Procissão dos Mortos que tem como protagonistas a Alma Penada e Prisilina. Outras lendas também são referencias como: a mulher nua da Mesa de Pedra, a noiva da Santa Rosa, o Bicho Gritador da Izidoria, o Galo do Arco da Igreja do Buritizal, Cavaleiro da Rua Mundico Dantas, dentre outras que mexe com o imaginário de grande parcela do povo Valenciano, mesmo sabendo que patrimônio imaterial é necessário para que a cidade tenha vida.

Na certeza de que, feliz do povo que pode comemorar o aniversário de sua cidade rememorando o cotidianidade do sua gente! Parabéns Valença pelos 256 anos de criação!

 

Texto: Prof. Antônio José Mambenga

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