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Por que o Brasil tem tantos acidentes com aviões de pequeno porte?

A morte trágica do cantor Gabriel Diniz e de outras duas pessoas em um acidente aéreo na segunda-feira (27/05) trouxe à tona novamente a discussão sobre voos irregulares em aviões particulares.

O voo que levava o cantor e caiu em Sergipe era feito em um avião que não tinha autorização para levar passageiros, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A aeronave só poderia ser utilizada para voos de instrução.

Aviões particulares – em geral, de menor porte – como o usado pelo cantor, têm se envolvido em muito mais acidentes do que as frotas de aeronaves maiores.

Os equipamentos particulares são maioria esmagadora no país. Segundo a Anac, o Brasil tem 22.219 aeronaves registradas – 47% delas são particulares. Apenas 3% pertencem à aviação regular, conhecida como comercial.

Entre 2008 e 2017, o Brasil registrou 636 acidentes na categoria no segmento particular – uma média 64 por ano. Os dados são do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Desde 2009, morreram 477 pessoas nesse tipo de voo, segundo o Cenipa. Em voos de instrução (treinamento), foram 41 mortes. Já em voos regulares – modelos maiores de companhias aéreas – morreram 16 pessoas.

Causas variadas

Segundo relatório do Cenipa, 19% dos acidentes com voos particulares ocorreram por causa de falhas no motor; 17% por perda de controle em voo; e 12%, falta de controle em solo. Essas três causas representam quase 50% dos acidentes com esse tipo de aeronave.

Voos regulares - com modelos maiores de companhias aéreas - mataram 16 pessoas no Brasil desde 2009© AFP Voos regulares – com modelos maiores de companhias aéreas – mataram 16 pessoas no Brasil desde 2009

Nesse segmento, 85% dos casos ocorrem com aviões e 15% com helicópteros.

Para o engenheiro aeronáutico Shailon Ian, presidente da Vinci Aeronáutica, um dos principais problemas envolvendo aviões de pequeno porte são os “desvios de função”.

Ou seja, aviões com autorização para realizar um tipo de voo, como instrução, acabam voando para outra finalidade – carregam passageiros sem permissão.

“Quando você voa para instrução, há um número de exigências e procedimentos que precisa seguir. O voo com passageiros, exige o cumprimento de outras normas, que são mais complexas, como manutenção, treinamento, operação”, disse à BBC News Brasil.

“Então, quando você não cumpre essas exigências, aumentam os riscos de acidentes”, diz.

Presidente do Instituto Para Ser Piloto, Raul Marinho explica: “Há voo em que é necessário usar instrumento, mas o avião não tem certificação nem equipamentos para usá-lo. Um voo assim não deveria acontecer. Mas no caso dos aviões menores, as pessoas não seguem a regulamentação e fazem voos que não são autorizados. Então, aumentam os riscos”, diz.

“Não é que o avião pequeno é menos seguro. O que ocorre é que eles passam por menos fiscalização e há mais violações das regras. Um avião de uma companhia aérea dificilmente vai fazer um voo que não é permitido para ele”, diz.

Com as informações: MSN

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