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Madre Teresa será canonizada em 4 de setembro: uma santa sob medida para o papa

Desde que um segundo milagre atribuído a Madre Teresa de Calcutá foi confirmado pelo Vaticano, no ano passado, uma legião de fiéis ao redor do mundo aguarda ansiosa pela data de sua canonização. Muito desse desejo se deve ao processo de beatificação da missionária, o mais rápido da história, que aumentou ainda mais a sua popularidade e catalisou o anseio de seus seguidores pelo reconhecimento como santa. Apontado como o evento mais importante do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o evento será no dia 4 de setembro, data próxima ao aniversário de morte da beata, confirmou nesta terça-feira o papa Francisco.

Ao convocar o “Ano Santo”, que começou em 8 de dezembro de 2015 e vai até 20 de novembro, o papa quis estabelecer um período de perdão e misericórdia, palavras constantes em seu vocabulário. Conhecida como “santa das sarjetas”, é inegável que a imagem de Madre Teresa conversa perfeitamente com este momento. “Declará-la uma santa durante o Ano Santo fará com que ela se torne a expressão máxima do que o papa Francisco chama de misericórdia”, descreveu a argentina Inés San Martín, especialista em religião católica e atual correspondente no Vaticano do portal Crux, associado ao Boston Globe e que cobre todos os assuntos relacionados à Igreja.

 

Para o padre Caetano Rizzi, responsável por encaminhar o processo de canonização de santos a Roma, o papa quer “chamar atenção do mundo sobre essa virtude divina, a misericórdia”, em um momento delicado e violento, além de aproximar as pessoas da Igreja. “As guerras fratricidas, o terrorismo, o assassinato de quatro Irmãs Missionárias da Caridade no Iêmen… tudo isso grita ao mundo a necessidade de um tempo novo”, declarou. “A canonização de alguém que escolheu viver para os mais pobres entre os pobres, recebendo o Nobel da Paz por causa disso, mexe com o mundo”.

O milagre que concederá a canonização a Madre Teresa aconteceu em 2008 em solo brasileiro: um homem internado às pressas em um hospital de Santos por causa de uma severa infecção viral no cérebro foi curado após sua esposa ser aconselhada a rezar para a beata. Foram necessários sete anos entre o encaminhamento do processo, alguns atestados médicos dizendo não haver explicação científica para o ocorrido e a comprovação do milagre pelo Vaticano.

O papa e a freira – Nascida em 1910 como Anjezë Gonxhe Bojaxhiu na capital da atual República da Macedônia, Madre Teresa fundou as Missionárias da Caridade em 1965 e ficou mundialmente conhecida por construir casas para órfãos, centros de cuidados para os leprosos e para os doentes terminais em países como Albânia, Rússia e Cuba. Foi na Índia, entretanto, um país não cristão, em que ela passou a maior parte de sua vida. Sua paixão pelo país a levou a pedir e conseguir a cidadania indiana. “Ela se empenhava em ir aos lugares mais miseráveis do mundo e ali, sem falar em religião, ensinava o amor como meta a ser praticada”, exemplificou padre Caetano.

Uma vida voltada aos menos privilegiados que, em muitos pontos, toca a história do próprio Papa Francisco. Um bom exemplo é relembrar o discurso da madre Teresa ao aceitar o prêmio Nobel. Nele, ela citou São Francisco de Assis, também conhecido como o “santo da pobreza”, o espelho do atual papa. É sabido que ele se inspirou no criador dos franciscanos ao escolher seu nome, além de sempre ter seguido um estilo de vida extremamente simples, dedicado aos necessitados e ajudando também os pobres e doentes, inclusive aqueles com hanseníase, assim como Madre Teresa fazia.

“Entre Madre Teresa e o papa Francisco podemos identificar o grito dos pobres que chega até as mais altas esferas. Madre Teresa ia e enfrentava as situações, não media esforços. Papa Francisco vai até as periferias do mundo e faz a mesma coisa: alerta, grita e dá o exemplo de compromisso, que supera divisões ideológicas. Ambos se empenharam e se empenham, no caso do papa, para um mundo mais justo e fraterno”, declarou padre Caetano.

Inés San Martín concorda e vai além, destacando a relevância das duas figuras também no universo fora do catolicismo: “Há muitos paralelos que podem ser desenhados entre Francisco e Madre Teresa. Para começar, o fato de que a misericórdia é um conceito chave para ambos e não apenas como teoria, mas algo que deve ser vivido: visitar os enfermos e os encarcerados e ajudar os famintos”, explicou. “Também existe o fato de que o escopo de influência dos dois transcende o catolicismo, já que ambos têm forte apelo na sociedade, incluindo presidentes, primeiros-ministros e líderes de outras religiões”.

Críticas e controvérsias

Apesar de “Madre Teresa de Calcutá” ser uma expressão usada quase como um sinônimo de bondade pelo senso comum, há quem critique ferozmente o trabalho da religiosa. Nos anos 1990, o periódico científico britânico Lancet publicou um relato crítico sobre o estado precário em que as instalações dos centros de Madre Teresa se encontravam. De acordo com o documentário Hell’s Angel (1994), do jornalista e ensaísta britânico Christopher Hitchens, ela recebia muito dinheiro proveniente de doações e, em vez de aplicá-lo na melhoria desses espaços, o entregava à Igreja ou investia em novos centros no mundo para disseminar o catolicismo.

Mais recentemente, um trio canadense divulgou um estudo corroborando as antigas acusações. Nele, eles ainda a acusavam de deixar pessoas sofrendo por considerar que a dor as aproximaria de Deus. A Igreja refuta todas as acusações, que, aparentemente, não surtiram efeito na imagem da futura santa, cujas ações continuam inspirando milhões de pessoas pelo mundo.

Com as informações: msn

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