O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, negou nesta quinta-feira (11) que trabalhadores da construção civil tenham receio de assinar a carteira de trabalho por medo de perder o benefício do programa social Bolsa Família. A declaração foi feita ao PortalODia.com durante a abertura do Fórum Norte Nordeste da Indústria da Construção (FNNIC), realizado em Teresina.
As falas do ministro foram uma resposta às afirmações do diretor do FNNIC, André Baía. Ele disse que parte dos trabalhadores tem evitado o registro formal por receio de perder o benefício e apontou a situação como uma das causas da falta de mão de obra no setor.
Durante o evento, André Baía afirmou que o setor enfrenta dificuldades para contratar trabalhadores, especialmente jovens com menor escolaridade, que estariam migrando para atividades como entregas por aplicativos. Ele defendeu que o debate com o governo precisa incluir estímulos ao trabalho formal e inovação no setor para reduzir a dependência da mão de obra tradicional.
“Há uma discussão muito forte para se saber se os benefícios sociais não estão exagerados. O Bolsa Família. Tem muita gente hoje que tem Bolsa Família e não quer assinar carteira. Ele prefere ficar, entre aspas, no bico e ao mesmo tempo não perder o Bolsa. Então, o ministro Wellington Díaz, que é um dos ministros que está vindo, estará aqui. Nós vamos abrir uma discussão franca sobre isso também, para ter estímulos para que as pessoas venham à Constituição Civil, que, claro, grande parte da responsabilidade é do empresário para criar essa condição, mas também que as políticas sociais incentivem o trabalho formal e não o informal”, disse.
MDS reage e afirma que o assunto pode levar a discriminação
Presente no evento, Wellington Dias contestou os argumentos e afirmou que a realidade é oposta. Segundo ele, beneficiários do Bolsa Família representam grande parte das novas admissões formais no país desde 2023.
“Eu digo que precisa ter um cuidado para esse pensamento não virar na prática uma discriminação em relação aos mais pobres. 4 milhões e 900 mil empregos de janeiro de 2023 até agora. 90% desses empregos é o povo do Bolsa Família do Cadastro Único. É esse povo que está vindo para trabalhar, para construir. Quando a gente olha os pequenos negócios, 11 milhões de pequenos negócios, 4 milhões e meio é o povo do Bolsa Família, do Cadastro Único, afirmou.
O ministro também citou o novo Plano Nacional de Cuidados como parte das políticas de incentivo à formalização e proteção social.
“O povo quer trabalhar, agora quer emprego decente, quer emprego duradouro, quer emprego com um conjunto de necessidades suas sendo atendidas. Nós agora acabamos de lançar o plano da política de cuidados”, completou.
Redução no orçamento do Bolsa Família em 2026
Durante o FNNIC, Wellington Dias também comentou a redução no orçamento previsto para o Bolsa Família em 2026. O Congresso Nacional aprovou, no final de novembro, proposta que autoriza a emissão de R$ 34,3 bilhões em títulos do Tesouro Nacional para financiar benefícios previdenciários e o programa.
Segundo Dias, a diminuição reflete um cenário positivo.
“É uma ótima notícia, na verdade. Isso está acontecendo porque pessoas estão saindo da pobreza. Nós vamos fechar esse ano com próximo de 20 milhões de pessoas saindo da pobreza. Fechamos o ano passado com 14 milhões de pessoas que saíram da pobreza. Eu digo que a gente vai ter mais de 2 milhões de famílias, que nós estamos falando de próximo de 8 ou 9 milhões de pessoas, que estarão saindo da pobreza pelo emprego, por um pequeno negócio, porque melhorou a escolaridade e abriu oportunidade como autônomo. A gente viu esses dias, não é que, por exemplo, quando a gente pega os jovens de 15 a 17 anos no ano de 2014, 3 milhões saíram da pobreza. Por quê? Porque fizeram o ensino médio, o ensino técnico, o ensino superior e levam junto a sua família. É esse Brasil que a gente quer, a cada ano aumentando pessoas, trabalhando na classe média e do outro lado reduzindo a pobreza”, relatou.
O ministro destacou ainda que a melhora nos indicadores de renda tem atingido especialmente jovens de 15 a 17 anos que concluíram ensino médio, técnico ou superior, contribuindo diretamente para elevar a renda familiar.
FONTE: O DIA PIAUI
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