São Paulo – A saída definitiva de Dilma Rousseff da presidência da República não impactou diretamente a Bolsa na última semana. Na quarta-feira (31), dia da aprovação do impeachment pelo Senado, o Ibovespa fechou em queda de 1,15%. A Bolsa foi impactada mais pelo cenário externo do que o interno.

Analistas ouvidos por Exame.com afirmaram que isso ocorreu porque a saída de Dilma “já estava precificada”. Desde maio, quando Michel Temer assumiu como presidente interino, o mercado vem reagindo. Até esta sexta-feira, o principal índice da Bolsa acumulava ganhos de 37%.

O bom humor do mercado se deve a troca da equipe econômica, ao bom desempenho das commodities e valorização cambial. Diante deste cenário, a Coinvalores apontou que as ações do setor de siderurgia e elétrico devem se destacar neste período pós-impeachment.

Siderurgia

Sobre o setor de siderurgia, os investidores da Coinvalores ressaltam que a conjuntura é de contração de demanda e oferta abundante. “Os preços internacionais de aço apresentaram reação, principalmente nos EUA e China e graças à desvalorização do real. Os níveis de reajuste internamente foram bastante elevados. ”

Entre as empresas do setor, o destaque é a Gerdau. A Coinvalores destaca que a companhia apresentou resultados “interessantes” no segundo trimestre deste ano. No período, seu lucro líquido foi de 184 milhões de reais, um aumento de 14 milhões no resultado na comparação com os primeiros três meses deste ano.

Analistas afirmam que a saída de Dilma Rousseff já estava precificada na Bolsa © Wilson Dias/ABr Analistas afirmam que a saída de Dilma Rousseff já estava precificada na Bolsa “Entendemos que os papéis podem apresentar movimento interessante neste ano. As operações no Brasil devem continuar apresentando interessante ritmo de vendas com melhor rentabilidade em virtude dos reajustes de preços implementados ao longo da primeira metade do ano. Nesse contexto, reiteramos nossa recomendação de compra para os ativos da Gerdau, que segue como a top-pick do setor siderúrgico. ”

Elétrico

Em relação ao setor elétrico, a Coinvalores destaca que a recuperação das companhias na Bolsa se deve a menor interferência governamental e ao fim da crise hídrica. Entre as “top picks” do setor estão a AES Tietê e CPFL Energia.

No caso da AES Tietê, é esperado que o aumento da produção hidrelétrica deve reduzir o custo com compra de energia, “fato que deve mais do que compensar o menor preço médio de venda dos novos contratos (pelo fim do contrato bilateral com a AES Eletropaulo no final do ano passado), levando a geradora a reportar resultados mais resilientes ao longo desse ano”, diz a Coinvalores.

Somado a isso, a geradora conta com um interessante fluxo de contratação, com nível mais elevado neste e no próximo ano (95% e 88% respectivamente) e com menor volume de contratos daí em diante, o que proporciona maior flexibilidade frente a eventuais adversidades hidrológicas e às oportunidades em momentos de recuperação nos preços.

No caso da CPFL Energia, os analistas acreditam que a empresa deve apresentar melhores resultados ao longo do segundo semestre, tanto pela estabilização no consumo quanto pela revisão tarifária de algumas de suas distribuidoras e continuidade na redução dos custos com compra de energia.

“Atualmente a companhia conta com interessante perspectiva de crescimento na área de geração, principalmente através de sua subsidiária CPFL Renováveis, enquanto que na área de distribuição há perspectiva de crescimento em razão da aquisição da AES Sul e da perspectiva de consolidação no segmento de distribuição, via privatizações e aquisições. ”

Por fim, a Coinvalores destaca ainda a entrada da chinesa State Grid no controle acionário da companhia (que ainda precisa de autorização do CADE e ANEEL) o que reforça a percepção de que a CPFL pode se favorecer nesse processo de consolidação.

Fonte: msn